Síndrome de Estocolmo
Às vezes tinha vontade de ser apenas um livro escondido na estante, com vergonha de ser lido; noutras, dialogava ante o espelho como se este fosse um interlocutor desconhecido, em busca da cura para um mal que, embora endêmico, ninguém saberia ao certo diagnosticar. Amava, sofria e chorava por razões que sabia, sim, identificar. Mas não admitia. Sobretudo amava, muito, o que felizmente lhe dava forças para seguir adiante. Ansiava por experimentar todos que visse à frente, e a este desejo também poderia perfeitamente atribuir uma causa que julgar-se-ia psicologicamente pertinente. Verdade: só queria a Síndrome de Estocolmo para perdoar, sem fé em quem quer que seja a não ser em si mesmo.
leave a comment