Aqui estou mais um dia.

Carta ao meu amigo e terapeuta

Posted in Pensamentos by Shepones on 21/04/2011

Querido amigo,

Quando eu tinha apenas onze anos, ouvi suas primeiras palavras de apoio. Tudo começou quando você me falou sobre como ver as coisas mais claramente pelo retrovisor. Apesar de ainda ser uma criança, achei aquilo muito sensível. Era uma época de amadurecimento, incertezas e descobertas. Isso foi logo depois de sermos apresentados por um amigo em comum, que havia acabado de me emprestar aquele disquinho laranja. Depois, ouvi de você que o ser humano tinha o dom de voar, e que o amor que a gente dá é o amor que a gente guarda para si. E eu voei. Voei de peito aberto para a vida, para o amor, para os desafios.Você me deu confiança para seguir em frente. A essa altura, meu amigo, você já era parte importante da minha vida.  Com o passar dos anos, acabamos nos afastando um pouco, mas o sentimento continuava ali, vivíssimo. Então chegou 2005, o ano em que finalmente nos conheceríamos pessoalmente. Quando soube de sua vinda, fiquei histérico, completamente ensandecido, amalucado. Me senti imaturo por tamanha ansiedade, mas logo vi que não estava sozinho: imediatamente conheci centenas de pessoas com a mesma admiração por ti. Algumas delas, pessoas maravilhosas, tornaram-se grandes amigos meus, tudo graças a você. Pois bem. Segure minha mão, ande ao meu lado que eu só preciso dizer: lembro até hoje de cada momento daqueles três dias em que nos encontramos. Ainda não tive um filho, então posso dizer com tranquilidade que foram os melhores dias da minha vida. Tive a sensação de estar nas nuvens, tão alto que o vento podia me balançar.  Naquela época, assim como ontem e hoje, seu apoio foi muito importante para mim. Desde então, meu amor por você, que já era grande, só fez aumentar. Não passamos um dia sequer sem trocar pensamentos, e sempre procuro saber como você está, mesmo à distância. Meu quarto está repleto de lembranças suas e até me tatuei em sua homenagem. Por conta da minha paixão, a maioria das pessoas me acha doentio, nostálgico ou até mesmo infantil. Elas não entendem que você me reconforta de uma maneira terapêutica, e está ali para mim sempre que eu preciso. Eu não ligo. Tenho minhas memórias, minhas merdas, e isso é o suficiente. Hoje estou vivendo uma fase difícil, então decidi escrever para deixá-lo a par da situação e reiterar meu amor por você. Sim, eu sei que você já me disse milhares de vezes que é melhor viver no presente, que só eu posso me perdoar, que eu devo me segurar às ondas porque a maré vai mudar. Estou tentando, conseguirei com certeza, e boa parte disso devo a sua ajuda e carinho ao longo desses treze anos. É isso. Muito obrigado por existir, meu amigo. Espero revê-lo novamente ainda neste ano.

Beijo grande,

Diego

5 Respostas

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  1. […] Desde quando vi aquele clipe do Aerosmith na MTV no comecinho de 1997, fui conhecendo bandas, gêneros, vocalistas, vídeos, discos e fui lapidando minhas preferências. Sou uma notória, confessa e orgulhosa viúva dos anos 90 desde os meus 11 anos. E no meio da hecatombe de bandas boas da época, o Pearl Jam virou meu grupo favorito, mas por pouco tempo: logo se tornou uma religião. Explico melhor aqui. […]

  2. Barbara said, on 27/04/2011 at 15:14

    Primeira coisa: PQP tô no trabalho chorando!
    Bom dito isso reafirmo cada palavra desse texto, tirando que sou mais senil e meu primeiro contato não foi com o disquinho laranja (apesar desse disquinho laranja ser dos meus preferidos), mas com aquele que muita gente hj gosta de não gostar pq fã que é fã não pode ser fã daquele disco que o mundo todo conheceu… gente besta demais pro meu gosto pq aquele primeiro contato, aquele primeiro CD é sim do caramba!
    Estou em uns dias complicados, meio perdida e nesses dias essa terapia é fundamental pra seguirmos em frente.
    Um beijo e espero que possamos ter essa experiência de novo o quanto antes.
    Tive um filho depois da experiência de 2005. Te digo que uma coisa não tem nada a ver com a outra são emoções muito diferentes mas ter o filho não diminuiu em nada a memória intacta daquela semana da minha vida que ninguém quase é capaz de entender…

  3. Diogo said, on 27/04/2011 at 00:14

    Meu caro amigo… e eu ainda ouço esse disco laranja com a mesma empolgação daquela época… ainda bem que te emprestei! Bjs meu brohter!

  4. jansen said, on 21/04/2011 at 17:31

    to chorando… to tentando disfarçar pra minha mae nao se outra coisa pra se preocupar agora,mas to chorando copiosamente aqui!

    os ultimos dias nao tem sido fáceis pras mim, e pras pessoas q me cercam, quem eu amo. tenho acordado triste, mas aí eu lembro que o nosso terapeuta também diz pra deixar passar todos aqueles ontens.entao me levanto, respiro fundo. e sigo em frente. lembrando também de outra frase proferida por ele: que todos nós andaremos a longa jornada.

    bom saber q mesmo achando que vc se perde em si mesmo quando entra em desespero, vc também recobre o fôlego e retorna à vida.
    resiliência é preciso, meu amigo. questão de sobrevivência.

    eu te amo.

    beijo da tua irmã preta carioca.

  5. Juliana said, on 21/04/2011 at 14:47

    Só queria dizer que tenho 3 filhos, e mesmo não tendo conhecido pessoalmente o nosso terapeuta, afirmo tranquilamente que você pode ter até dez filhos, e esses três dias em 2005 continuarão sendo parte dos mais felizes da sua vida.

    Texto lindo, que só poderia ser escrito por uma pessoa linda, em homenagem a outra tão linda quanto.

    Beijo de mais uma alma salva.


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