Aqui estou mais um dia.

Enola \ Alone

Posted in Uncategorized by Shepones on 21/11/2014

Não é prudente desgarrar do leme dos pensamentos por um instante sequer, e mesmo assim nada assegura qualquer domínio sobre as águas. Pressupõe-se algum controle, aquela sensação do oceano requebrando com a volúpia de um quadril, lento e suave, o idealismo dos marujos de apartamento. Mas a natureza é outra, e em algum momento a onda inexorável abrirá sua cabeça ao meio sem aviso prévio. A ansiedade subjuga a mente como o mar a um barco. É aquele buraquinho remendado, uma tensão permanente que varia conforme as chuvas, mas que ainda assim é perene. Aos primeiros pingos, a ansiedade desperta em sua plenitude, de modo que a ausência de instrumentos de orientação dificulta prever se haverá ou não uma tempestade de fato. O ansioso sabe que abandonar o navio não é uma opção, muito embora flerte com a alternativa diuturnamente, de maneira discreta, para não abalar a moral de sua tripulação. Ele busca antes de mais nada a calmaria, um céu azul sem nuvens para enxergar o horizonte com clareza e fincar bandeira onde melhor lhe aprouver.  A tranquilidade não é apenas inveja para o ansioso: ela é fundamentalmente uma dúvida. Ele a conhece como um capitão navega em asfaltos. Para o ansioso, a paz de espírito é um sonho – e a ausência de preocupações, uma utopia.

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